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A dor no peito de Antônio

 


A vida lhe parecia muito boa, a saúde ele tinha e esbanjava bastante vivacidade e sim muita alegria, no entanto, com os dias passando, se ouvia da boca de Antônio muitas murmurações ou melhor lamúrias.

- Como dói meu peito, a dor é insuportável.

O grito daquele pobre jovem era muito forte e já não se aguentava ouvir tantos clamores, mas antes não era esse mancebo uma alegria só? Sim era, mas nesse tão presente momento o coração lhe doía. Certo dia, após tantas reclamações do jovem Antônio, ouvia-se em sua casa a porta abrindo-se e logo o jovem loucamente corria para o terreiro da casa e gritou e caiu no chão. Os seus familiares que viram ele sair correram e chorando gritavam palavras de dor e de lamentos.

- Morreu o nosso querido Antônio, o nosso jovem faleceu.

Porque antes de cair, o jovem que vinha muito triste, cabisbaixo e desconfiado a dias, gritou:

- Ai meu peito!

Sim, parecia ter a sua juventude se esvaído pela morte ou pela falência da vida; e o processo natural da extinção da vida ali arrasado, o então jovem, que era calado e pouco falava de seus sentimentos. Quando os seus entes chegaram, no lugar onde estava Antônio, ouviram o seu balbuciar e o seu baixo e arrasador som de desespero. O jovem sentia a dor da alma e não da carne, era ressentimento talvez, não falou, não expressou, mas aquilo que o coração queria, não tinha e a falta de experiência e juventude era o que gritava em seu peito e o seu corpo caia e a sua boca bradava:

- Ai meu peito!

Era o mau súbito dos sentimentos e a falta de expressão do que o incomodava, a falência múltipla de seus arrasadores sabores sentimentais em seu íntimo, sim ela era diferente das normais. Era a dor no peito, mas percebeu-se que era mais profunda do que no peito, daquela que é mais profunda do que as "normais", o peito de Antônio doía, e não parava e durante sua permanência em seus curtos dias de existência, a dor o fazia ficar nesse ritual cotidiano como em uma prisão sem muros, sem fim. E num incômodo interno, e exteriorizando o som, como o que se repete, se ouvia a voz interna e externa do rapaz:

- Ai meu peito!    

Autoria: Álef Mendes (Poeta e Contista) 

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