Mulher de baleado no Jacarezinho diz que ele se entregou, mas foi executado; polícia nega
Da redação
Noticia do Brasil

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Familiares de mortos na comunidade fazem identificação de corpos no IML. Operação na quinta-feira deixou 25 mortos e é considerada a mais letal da história do RJ.

A mulher de um dos mortos no Jacarezinho disse que, ao ser localizado pela polícia, o marido, Rômulo Oliveira Lúcio, chegou a se entregar, mas ainda assim foi executado.
"Os policiais entraram dentro da casa e ele se rendeu. Ele [o policial] falou 'perdeu'. Ele já tinha se perdido. Só se rendeu. (...) Eles pegaram ele vivo e ele foi executado a facadas".
Thaynara Paes, de 22 anos, e outros familiares dos mortos, estão no Instituto Médico Legal na manhã desta sexta-feira (7) para fazer a identificação dos corpos.
A mulher de Rômulo conta que ele tinha 29 anos e estava na condicional. Mas, segundo a polícia, Rômulo e mais dois mortos na operação foram denunciados pelo Ministério Público e eram procurados por tráfico de drogas.
Além de Rômulo, Isaac Pinheiro de Oliveira e Richard Gabriel da Silva Ferreira também eram procurados (confira mais detalhes abaixo).
Um perito Ministério Público do Rio (MPRJ) acompanha a perícia no IML. O órgão faz uma investigação independente sobre o caso.
A operação policial no Jacarezinho deixou 25 mortos, incluindo um policial civil. De acordo com a polícia, os outros 24 eram criminosos. Moradores relataram excessos e execuções, mas a polícia nega. Segundo a direção do Souza Aguiar, dos 20 corpos que chegaram ao hospital, 13 ainda estão na unidade.
‘Não foi uma operação, foi assassinato’, diz parente de mototaxista
Um parente de outro morto na ação disse que o que aconteceu no Jacarezinho foi um assassinato e que as mortes poderiam ter sido evitadas.
“Eu nunca vi uma operação dessas. Não foi uma operação, foi assassinato. Operação não é assim. Assassinaram, mas poderiam ter sido presos”, disse um familiar do mototaxista Marlon Santana de Araújo, de 23 anos.
Homem saiu para comprar pão
Já a família de Jonas do Carmo dos Santos, de 32 anos, disse que, logo após acordar, ele saiu para ir na loja de material de construção e na padaria, comprar pão.
“Eu continuei deitada. Aí eu escutei o barulho do helicóptero. Se eu soubesse que estava tendo operação, eu tinha pedido para ele ficar em casa”.
A pessoa conta que soube por um outro parente que Jonas tinha morrido. “Pedi para ela me mandar a foto, mas achei que não era ele".
Ao ver a imagem, ela reconheceu Jonas.
"Eu fiquei assustada. Quando mandaram a foto eu perguntei onde era aquele beco. Era perto de uma padaria", disse. "Ele foi atingido na perna e depois eles terminaram o serviço”.
Jonas tinha passagem pela polícia e cumpriu 3 anos de pena, mas, segundo a família, não era uma pessoa ruim.
"Ele não era uma má pessoa. Ele tinha cumprindo pena, segunda tinha assinado e estava com tornozeleira. (...) Era uma pessoa que perdeu os pais novos e tinha os irmãos. As pessoas só falavam bem dele".
Jonas deixou dois filhos - um de 7 anos e outro de seis meses.
Baleado na mão, segundo a família
Parentes de Francisco Fábio dias Araújo disseram que ele entrou em uma casa onde cerca de 10 meninos estavam abrigados e o primeiro que tentou se render acabou executado.
Segundo a família, algumas pessoas tentaram ajudar, mas os policiais não deixaram. Eles ainda tentaram fugir pela laje, onde dois homens acabaram morrendo. Fugiram, mas foram encontrados em uma loja.
A família diz que testemunhas viram quando Francisco foi levado para o caveirão apenas com um tiro na mão. Pouco depois, a família soube que ele estava morto.
Fonte: G1
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